sexta-feira, 1 de abril de 2016

[Quote] Katniss reflete sobre a guerra em "Mockingjay"

Em "Mockingjay" (A Esperança, no Brasil), livro final da trilogia distópica escrita por Suzane Collins, temos como trama central o começo e estopim de uma revolução que envolve guerra entre classes e poder. Durante o embate que estoura no meio do livro, questões como a ética e os planos para se usar durante a batalha entram em contexto. Enquanto sangue inocente é derramado brutalmente em pleno cenário urbano, o desfecho do embate se dá quando centenas de crianças e médicos rebeldes são bombardeados em frente à mansão presidencial da Capital. Presa e isolada em um quarto após uma série de decisões surpreendentes, Katniss reflete sobre a os efeitos da guerra e o mundo em que vive.
E então um pensamento terrível me atinge: E se eles não vão me matar? E se eles têm mais planos para mim? Uma nova forma de me refazer, treinar e me usar? Eu não vou fazê-lo. Se eu não posso me matar neste quarto, vou pegar a primeira oportunidade fora dele para terminar o trabalho. Eles podem engordar-me. Podem dar-me um corpo inteiramente polido, me vestir e me fazer bonita novamente. Eles podem projetar armas notáveis que ganham vida em minhas mãos, mas eles nunca mais vão fazer lavagem cerebral em mim na necessidade de me usarem. Eu não sinto mais qualquer fidelidade a estes monstros chamados seres humanos, desprezo ser um eu mesma. Eu acho que Peeta estava ciente de algo sobre nós destruirmos uns aos outros e deixarmos alguma espécie digna assumir. Porque algo está errado de forma significativa com uma criatura que sacrifica a vida de seus filhos para resolver suas diferenças. Você pode interpretar isso como você quiser. Snow achava que os Hunger Games foram um meio eficiente de controle. Coin pensava que os paraquedas iriam acelerar a guerra. Mas no fim, quem se beneficiou disso? Ninguém. A verdade é que não beneficia ninguém viver em um mundo onde estas coisas acontecem.

Desumanidade da Humanidade.


“Espere por mim papai”, famosa foto tirada no Canadá em 01 de outubro de 1940
"Eu não aceito. Não, eles não podem. Não podem arrancar-me de minha família e vida e me obrigarem a matar outras pessoas em suas (estúpidas) guerras. Matei dezenas de pessoas, e daí? Se eles tinham alguém a quem amavam, se eram profissionais exemplares, se eram pessoas que provavelmente não queriam estar ali, o que importa agora? Todos estão mortos. Mas e aqueles que declaram guerra? Provavelmente estão retidos num palácio ou alguma fortaleza de luxo, bebendo do melhor vinho, degustando da melhor comida, e nós? Enfileirados e tratados feito bois para o abate? Viver sob o risco iminente de uma bala atravessar seu crânio não é exatamente viver, apenas sobreviver. E é isso que eu faço. Me deram armas e uniformes para lutar pelo quê exatamente? Uma ideologia? Ideologias não respiram, não amam, não sentem dor. Elas mudam ao passar do tempo, vão se adaptando e doutrinando as pessoas,e eu não mato por crenças. Mas morrerei com meus ideias intactos. Aqueles que me permitem ter dó, remorso, quando vejo amigos e rivais estirados no chão e sangrando até a morte. Aqueles que me permitem revoltar contra esses porcos que nos obrigam a batalhar por suas ideologias. Aqueles mesmos que me fizeram amar alguém, que me fizeram sonhar um dia, que me conduziriam para uma vida plena se não fosse pela desumanidade da humanidade."
— [M]

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Do you really want to live forever?


Como uma tola criança, acreditei que o mundo melhoraria quando crescesse. O que tinha eu na cabeça naquela época? Tudo que eu pensei não aconteceu. Não foi um belo dia que eu pus os pés na rua e as pessoas me cercearam dançando e cantando e me atirando flores como num musical da Broadway, isso não aconteceu nem nunca irá acontecer —. Comentei há pouco em algum texto que eu não gostaria de voltar no tempo, mas se bem que, eu até voltaria só para analisar bem o que era eu anos atrás. Riria dessa criança talvez, mas sobretudo, a compreenderia de alguma forma. A vida não melhora quando crescemos porque o mundo não perdoa os mais velhos, ela faz justamente espancar e espancar seus sentimentos até chegar certo ponto que eles não valem para mais nada, tornam-se inúteis, anestesiados. No mundo dos adultos (lê-se real), as pessoas não creem em Deus ou outro ser superior, elas creem em dinheiro, muito dinheiro, rios de dinheiro, e sexo. Por isso, devo pensar bem em como vai ser quando completarei 18 anos, em como devo agir para não ser morto na guerra atroz que o mundo se tornou.
Forever young, I want to be forever young. Alguns, como o hit oitentista do Alphaville descreve, tem desejo de estarem jovens para sempre. Dizer que a "Síndrome de Peter Pan" é uma tática psicológica para manter-se estável no mundo não é muito delicado, mas talvez seja isso mesmo. O mais irônico é que, enquanto adolescentes, nosso desejo mais latente é o de tornar-se maduro, mas à medida que o tempo passa e as pessoas e o nosso redor se modifica, percebemos que estar jovem é o que é. Como definiríamos nossa juventude, adolescência? Ainda quero ser herói de alguém, ainda quero conquistar meus objetivos e tirá-los do papel. Mas, mais ainda, quero fazer-me compreender e o mundo que a idade é a porcaria de um número estúpido que não necessariamente indica maturidade, tampouco experiência.
— [M]

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

[Music & Letter] 30 Seconds to Mars - "Was it a Dream?"

Escrita por Jared Leto e performada por sua banda, 30 Seconds To Mars, "Was it a Dream?" é uma música que presume ser uma mensagem sobre alguma relação acabada, mas eternizada na memória. A ambiguidade das lembranças também são mencionadas, como quando o eu lírico quer esquecer de tudo no trecho "Seu reflexo, eu apaguei / Como mil "ontens" queimados / Acredite-me quando eu digo adeus para sempre", ou quando se questiona se tudo era um sonho (" Foi um sonho? / Essa é a única evidência que me prova / Eu e você, em uma fotografia").
Sua proteção é onde vou me esconder
Suas muralhas construídas lá dentro
Sim, sou um bastardo egoísta
Mas, ao menos, não estou sozinho

Minhas intenções nunca mudam
O que eu quero, continua o mesmo
E eu sei o que tenho que fazer
Chegou a hora de me atirar no fogo

Foi um sonho?
Foi um sonho?

O passado é uma bela mentira!

"O passado é só uma história que contamos à nós mesmos"
(Her)
Quão doce e saudoso são seus momentos em suas lembranças? O quanto você queria estar lá, reviver tudo aquilo, de novo e de novo? As últimas pesquisas e experimentos sobre memória humana apontam que as nossas lembranças são afetadas por nossas emoções, e portanto, podem carregar um quê de imaginação ou equívoco quanto o que realmente aconteceu. E eu sei disso como ninguém. Posso ter várias lembranças, às vezes até de coisas que nunca aconteceram ou de épocas que eu simplesmente não vivi. Às vezes, aquela pessoa que você amava muito pode parecer tão perfeita, e tão e tão linda nas suas lembranças, mas isso não é bem verdade. Quando amamos ou lembramos de algo, nossos olhos se fingem de tolos, ignoram quaisquer defeitos que aquilo pode ter. E as pessoas tem defeitos, muitos deles, outras até mais que qualidades, mas elas sempre serão doces e nos despertaram a nostalgia em nossa memória, principalmente quando estamos insatisfeitos com nosso presente. Se me perguntassem se eu gostaria de voltar e reviver algumas coisas do passado, eu diria que sim, sem dúvidas. Mas se eu analisar friamente tudo que me aconteceu em todas as fases da minha vida, diria que não, sem dúvidas. Eu poderia reparar algum erro que fiz? Poderia voltar lá naquela cena e dizer o que o medo me vetou de fazer? Não, não poderia, porque tudo isso faz parte de mim agora, e me fez aprender muito sobre.
Por isso, diria que arrependimento, saudade e nostalgia e o que for nunca são coisas literalmente válidas, pois nosso cérebro trabalha com emoções em cima delas, distorcem os fatos de verdade. Eu diria que, para quem quer que seja que gosta de viver no passado, que pare de fazer isso agora. Pense no futuro. Lembre-se que a Teoria Geral da Relatividade de Einstein só permitiria uma viagem pro futuro, então alguma coisa de boa nos aguarda lá.
[M]

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

[Quote] "Nós somos infinitos" em "The Perks of Being a Wallflower"

Em "The Perks of Being a Wallflower" (No Brasil, As Vantagens de ser Invisível), o protagonista Charlie, de 16 anos, tem sérios problemas de relacionamento na escola, até conhecer Patrick e Sam, que o inclui em um mundo alternativo aos populares do colégio. Além de gostos em comum para música e filmes, Charlie se vê parte das pessoas de seu grupo à ponto de amá-los profundamente.
Em dado momento do filme e livro, ele reflete sobre tudo isso.
Tem gente que esquece o que é ter 16 anos quando faz 17.
Sei que tudo será história um dia e que nossas fotos vão se tornar lembranças. E todos nós nos tornaremos mães e pais de alguém. Mas no momento, estes instantes não são histórias. Tá acontecendo, e eu estou aqui e tô olhando pra ela porque ela é tão linda. Eu consigo perceber. O momento em que você sabe não ser uma história triste. Você tá vivo. Você se levanta e vê a luzes dos prédios e tudo que te faz pensar. Ouve aquela música na estrada com as pessoas que você mais ama no mundo. E nesse momento, eu juro, nós somos infinitos.

A sequência do túnel tem como trilha a música "Heroes" do David Bowie.

Constante inconstante



Era uma vez um garoto cujo sonho era o de ser astronauta. Horas e mais horas passavam-se, e ele, no auge de sua curiosidade, empunhava livros e revistas sobre astronomia em todo lugar que passava. Seu planeta preferido do sistema solar era Saturno, os anéis do mesmo o encantavam, mas ele não sabia que Urano também tinha anéis. Imaginava, com calafrios, em como seria gélido viver no planeta Plutão, bem, até descobrir pouco tempo depois que ele não era mais considerado um planeta. Anos se passaram, e aquela criança passou a compartilhar o interesse em astronomia com a biologia marinha, queria ser os dois, estar em dois lugares tão remotos e inexplorados era especialmente excitante. Mais anos se passaram, a adolescência batia à porta, e ele esqueceu de tudo, voltando-se agora para tecnologia, queria ser um game design ou algo do tipo, algo bem mais crível que aqueles (tolos) desejos de criança. Embora jurasse, esse não foi seu objetivo definitivo, e aos quinze já descobrira um dom promissor com a escrita. Hoje em dia ele quer ser roteirista, viver de sua escrita, mas se pergunta se isso vai mudar algum dia, ele não quer perder esse interesse, deixar-se levar pela realidade. Viver um sonho é bem mais interessante quando o real é assustador, e portanto, não se pode deixar a vida moldar seus pensamentos, te prender em algum escritório trajando terno e gravata e digitando planilhas e coisas do tipo. Às vezes a inconstância é assustadora, e me pego hoje imaginando em como meus planos mudaram, encolheram. Mas sonhos são sonhos e não devemos julgá-los, porque é a comunicação mais profunda que temos com nós mesmos.
[M]